Maria
de Lourdes mais uma vez estava sentada aguardando seu atendimento; de um lado várias pessoas e do outro também.
-Margarida!!! - gritou a atendente!
Uma
senhora devagar oi se encaminhando para a porta com apoio de uma muleta. Olhou
e pensou:
-
Coitada! Isso nunca vai acontecer comigo.
As
horas passavam impiedosas e as costas doíam e as pernas não encontravam mais
lugar e tudo parecia sem graça.
Ela
havia vindo do interior do Estado e a viagem patrocinada pela Prefeitura havia
começado as 4 horas da manhã. Finalmente ouve seu nome e entra na sala.
O
médico pergunta:
-Como
está? Em que posso ajuda-la hoje? - Pergunta
o médico, mas sem dar muito tempo pergunta em seguida -Posso ver que a pressão está muito alta hoje!
- É
sempre assim! Nunca baixa!
- A
senhora toma sua medicação direitinho?
-
Sempre que posso, mas minha vizinha me disso que se tomasse todas aquelas
medicações acabaria doente do juízo e do estômago. Os médicos ficam empurrando
essas coisas e a gente fica adoecendo.
O
médico mal podia acreditar, mais um paciente equivocado e resistente ao
tratamento. É tão fácil tomar as medicações!
Mas ele
não resistiu e perguntou:
- O que
sua vizinha sugeriu?
-Ela
disse para bata uma berinjela crua no liquidificador, colocar no telhado e coar
com quatro fraldinhas limpas que tudo iria dar certo!
Tomas a
medicação é muito mais fácil, mas porque a vizinha tinha mais poder de decisão
que o médico? A vizinha tinha um áurea de credibilidade inacreditável. E assim
existe mil tratamentos impossíveis que as pessoas abraçam com fé! Por que?
Meses
depois nossa personagem acorda de manhã e ao caminhar percebe que a mão estava
formigando e a perna isolateral perdeu a força e ela cai ao chão. É socorrida
por passantes que chamam seu filho que trabalhava próximo. Infelizmente em vez
de procurar um hospital com emergência neurológica vai para casa.
A noite
ao constatar que nada melhorou vai para o hospital! Faz a tomografia e o AVC –
acidente vascular cerebral – está lá diagnosticado.
A
paciente fica desesperada! Mal sabia que a hipertensão foi a causa dessa
desgraça e que agora estava em situação pior que a daquela paciente que estava
usando a muleta. Ela tinha 3 horas para tentar recuperar as perdas
neurológicas, mas infelizmente não sabia que existia possibilidade de
tratamento.
O acidente
vascular cerebral isquêmico ocorre quando determinada área do cérebro não
recebe sangue por oclusão de placa em certa artéria no cérebro ou quando um
trombo (sangue coagulado) chega e oclui o vaso impedindo o fluxo de sangue.
Aquela área do cérebro sucumbe, morre, e as funções que aquele pedacinho do
cérebro exercia é perdido!
Então
foi realizada avaliação do coração da paciente que mostrou que não existia
trombo e nem arritmia. Foi visto as carótidas – vasos do pescoço que levam
sangue para o cérebro – que evidenciou placar ateromatosas (gordura), mas não
grande o suficiente para se soltar na circulação e ocluir os vasos cerebrais.
O
mecanismo então não foi por embolo e sim por infarto cerebral. Isso mesmo, o
termo é esse porque é igual ao infarto que pode ocorrer no coração.
Em
profunda depressão agora somente resta a batalha para recuperação e finalmente
procurar tratar tudo que pode causar novo evento.
Recuperar
com fisioterapia e fonoaudiologia.
Controlar
pressão arterial, não fumar, diagnosticar diabetes, controlar o colesterol, não
fumar.
Tomar
as medicações e não esquecer a aspirina que vai fazer parte da sua vida junto
com a medicação para o colesterol e as outras medicações.
Mas não
precisa desaminar, antes tarde do que nunca...
O tempo
vai passar a perseverança é o segredo para o sucesso!